TESTE: VOLKSWAGEN ID.4 é MUITO BOM, MAS NãO PODE SER COMPRADO POR NINGUéM

Apesar do expressivo crescimento dos serviços de assinatura de carros no Brasil, muitas pessoas ainda gostam de comprá-los e sonham com um 0km na garagem. O que dizer de um modelo cuja montadora simplesmente não permite a compra, apenas a locação?

É essa a situação do ID.4, o primeiro veículo de passeio 100% elétrico que a Volkswagen trouxe para o mercado brasileiro. Apresentado há cerca de um ano, o SUV médio é oferecido em versão única e somente através do Sign&Drive, o serviço de assinatura oficial da montadora. O TecMundo testou a novidade por uma semana e mais de 750km.

O ID.4 foi o segundo produto da linha global de elétricos da Volkswagen, apresentado depois do hatch ID.3. Feito sobre a arquitetura MEB, ele é a versão de produção do conceito ID. Crozz e chegou ao país para iniciar a ofensiva eletrificada da marca junto do ID. Buzz, a "Kombi elétrica", que chegou em novembro do ano passado e também só pode ser assinado.

Atualmente, ele é oferecido em um plano único de 24 meses (dois anos) com três opções de franquias mensais: 1.500km por R$6.990, 2.000km por R$8.490 e 2.500km por R$8.890. Fazendo as contas, você terá gasto entre R$167.760 e R$213.360 depois de dois anos, dinheiro que já permite a compra de veículos elétricos de diferentes categorias e propostas.

Importado da Alemanha, o "nosso" ID.4 traz motor traseiro que gera até 204cv e 31,6kgfm, alimentado por uma bateria de 77kWh que garante até 370km de autonomia segundo o Inmetro e 520km pelo europeu WLTP. Ele vai de 0 a 100km/h em 8,4 segundos e a máxima é limitada eletronicamente em 160km/h.

A versão Pro Performance vem recheada de itens como: ar condicionado de três zonas, teto panorâmico, rodas aro 21, faróis IQ.Light direcionais e adaptativos, bancos dianteiros elétricos com duas memórias, aquecimento e massagem, câmeras e sensores de estacionamento em 360º, suspensão eletronicamente ajustável, assistências semiautônomas e muito mais.

Por fora, o ID.4 impressiona pelas linhas excêntricas e detalhes como as enormes rodas diamantadas e a guia de LEDs que contorna os faróis e os interliga pelo emblema ao centro. Por dentro, o grande teto panorâmico não se abre, mas aumenta a incidência de luz natural na cabine e pode ser coberto por uma cortina elétrica, um item suprimido de muitos elétricos.

A partida é como nos Volvo: basta pisar no freio e mover o seletor de câmbio à direita do painel para D ou R. O ID.4 se move com muita suavidade e emite um discreto ruído externo para alertar pedestres nas ruas - que, a propósito, acompanham o SUV elétrico com os olhos e as cabeças por onde ele passa. Pudera: ver um desses nas ruas brasileiras é raríssimo.

Apesar do peso e do tamanho, o ID.4 anda como um carro pequeno, apresentando muita precisão da direção e ótima resposta dos pedais. Não é o mais rápido dos elétricos, mas não faz feio quando é exigido e chega a surpreender passageiros desavisados. Além disso, conseguimos rodar 130km entre cidades gastando apenas 25% de bateria, o que é excelente.

Há quatro modos de condução que alteram diversos parâmetros do carro, porém, o mais legal é colocar no Individual e poder controlar a rigidez da suspensão em tempo real: do mais macio Comfort ao mais rígido Sport, são várias graduações que alteram drasticamente o comportamento do ID.4 e representam apenas um dos muitos mimos do elétrico alemão.

Os faróis IQ.Light com função Matrix acompanham o movimento do volante e "cortam" a luz alta dos carros adiante, mantendo a iluminação em todo o resto para garantir máxima visibilidade à noite. Já as lanternas, também totalmente por LEDs, podem fazer animações como nos modelos da Audi, denunciando a pegada premium que a VW quer passar.

Mas é claro que ele não é feito só de qualidades. Algumas questões de software incomodam como, por exemplo, mensagens de erro que não se apagam e recursos que funcionam com um certo atraso. Nada chegou a afetar a direção e o uso do ID.4 diariamente, porém, parece desleixo da marca pelo fato de não o comercializarem e tais erros não deveriam acontecer.

Outro grande contra do ID.4 é o fato de já estar desatualizado: lá fora, de onde vem para o Brasil, a linha 2024 trouxe uma nova motorização de até 286cv e 55,5kgfm, o que teve um grande impacto positivo no desempenho. A Volkswagen diz que estuda a comercialização do ID.4 por aqui, mas enquanto isso não acontece. seguiremos com o modelo mais fraco.

Para resumir a ópera: o primeiro elétrico da VW em solo brasileiro agrada bastante no uso geral com autonomia, tecnologias e mimos dignos de carros mais caros. As ressalvas sobre software, embora incômodas, não tiram o brilho do elétrico alemão. O que realmente estraga a experiência é não poder comprá-lo, uma estratégia que ninguém conseguiu entender até hoje.

Enquanto isso, outras montadoras cujo nome não tem a mesma força ou expressão entre o público brasileiro seguem crescendo dia após dia, vendendo milhares de unidades todos os meses e ganhando força. Estaria a Volkswagen sendo exageradamente conservadora, cautelosa? Seja como for, o ID.4 tem potencial para fazer sucesso, mas não fará desse jeito.

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