Depois de muito mistério, a Jeep finalmente revelou a nova geração do seu SUV médio, o Compass. A nova encarnação, a terceira do modelo globalmente, chegou totalmente renovada, abandonando a antiga plataforma Small Wide para adotar a moderna STLA Medium, base modular, mais atual e que sustenta modelos como o Peugeot 3008 na Europa, mais preparada para a eletrificação e novos sistemas tecnológicos avançados.
Mas afinal, quão profunda foi a evolução entre o modelo que conhecemos desde 2016 e a nova geração? Para sabermos um pouco mais, fizemos uma análise um pouco mais detalhada das fichas técnicas dos dois.
De cara, o Compass renovado já se mostra diferente nas principais dimensões, contando agora com 4,54 m de comprimento, ele ganha 14 cm comparado ao atual (que mede 4,40 metros, sendo 13 cm a mais dedicado ao entre eixos (2,77 m), melhorando o espaço interno do SUV e o aproximando do Commander, que tem 2,79 m. Também está mais largo (1,90 m) e alto (1,67 m).
Medidas | Compass Atual | Compass 2026 | |
Comprimento | 4.404 mm | 4.550 mm | +146 mm |
Largura | 1.819 mm | 1.900 mm | +81 mm |
Altura | 1.632 mm | 1.670 mm | +38 mm |
Entre-eixos | 2.636 mm | 2.770 mm | +134 mm |
Porta-malas | 410 litros | 550 litros | +140 litros |
Com 4,40 m, a atual geração se posiciona na parte de entrada dos SUVs médios hoje, tanto em preço como em tamanho, encarando alguns modelos como o Toyota Corolla Cross. Seu porte, entretanto, já mostra o peso da idade quando comparado a alguns compactos mais recentes, como o Hyundai Creta e o Honda HR-V, com 4,3 e 4,4 metros, respectivamente.
Na motorização, o modelo vendido atualmente no Brasil conta com os motores T270 1.3 Turbo Flex que entrega 176 cavalos de potência e 27,5 kgfm de torque com qualquer combustível nas versões de entrada e o 2.0 Hurricane de 272 cv de potência e 40,8 kgfm de torque nas versões topo. Ainda são números melhores que seus concorrentes diretos, mas é inegável que a chegada de modelos híbridos e elétricos na mesma faixa de preço acabaram tirando o brilho do SUV.
A nova geração promete resolver isso em partes, já que, pelo menos na Europa, será vendida somente com motores eletrificados. Como opção de acesso, há o 1.2 Puretech, também disponível na Peugeot, Citroen e na Fiat, que recebe um sistema híbrido leve de 48v com 147 cv e 23,5 kgfm, seguido pela versão híbrida plug-in, que usa o mesmo 1.2 turbo, mas com auxilio elétrico mais presente, indo aos 197 cv e 35,7 kgfm com uma bateria de 19 kWh e autonomia elétrica de 83 km pelo ciclo WLTP.
A grande novidade da nova geração é o Compass EV, versão totalmente elétrica do SUV, que estreia com três configurações de motorização. A primeira conta com tração dianteira, 213 cv e 35,2 kgfm, alimentada por uma bateria de 74 kWh, que garante autonomia de 500 km no ciclo WLTP. A segunda opção também tem tração dianteira, mas entrega 234 cv, mantendo o mesmo torque e adotando uma bateria maior de 96 kWh, elevando a autonomia para 650 km.
Já a terceira versão traz tração integral com dois motores, potência combinada de 380 cv e alcance de 600 km. Todas oferecem recarga em corrente alternada de 11 kW (com 22 kW opcional) e carregamento rápido em corrente contínua de até 160 kW. No Brasil, a versão EV deve ser posicionada como o grande destaque da nova linha.
Se a geração atual sempre apostou em um design mais arredondado e com jeitão de Grand Cherokee, a nova apostará mais em elementos quadrados, principalmente a linha lateral e de cintura, como acontece no irmão Avenger. Entretanto, a dianteira ainda entrega um pouco do estilo Compass de ser, com faróis em LEDs finos e grade com sete barras, característica presente em toda a linha Jeep.
A principal mudança visual se concentra na traseira. Se a segunda geração pouco mudou desde seu lançamento, em 2016, a terceira adota um visual totalmente diferente. As lanternas passam a ser interligadas com o logo da Jeep ao centro agora contando com iluminação. O terceiro vidro traseiro segue o padrão dos seus irmãos de plataforma STLA Medium como o Peugeot 5008, e cobre toda a coluna C. Alguns elementos da antiga geração ainda continuam presentes, como a placa na tampa, e o vigia traseiro mais fino.
No interior da nova geração, mudança completa. Como destaque, há uma tela de 16" responsável por comandos de ar-condicionado, ajustes do carro e sistema multimídia, sem abrir mão de comandos físicos, acompanhada de outra tela, com 10" para o painel de instrumentos.
O volante tem formato diferente, mas que ainda lembra os atuais usados por Renegade, Compass e Commander. No console central, seletor de modos de tração, freio de estacionamento e o seletor do câmbio, além de um grande porta-objetos e carregador por indução para smartphones. Diferente da segunda geração, que nasceu ainda sobre a antiga FCA, a nova encarnação compartilha peças de acabamento com outros modelos da Stellantis, como botões e puxadores de porta vindos da Peugeot e da Opel.
A geração atual, apesar de ter mudado pouco externamente nos últimos 9 anos, sempre se destacou pelo bom acabamento em seu interior, tendo adotando um novo painel com superfícies mais macias em formato horizontal, adotando multimídia maior e opção de painel digital configurável de 10.1''. É o mesmo padrão adotado até hoje e que também é utilizado no irmão maior Commander.
A depender da versão, inclusive, a parte central do painel possui área revestida em couro com uma divisão no meio e costuras aparentes. Há ainda um friso prateado que atravessa todo o painel, que se manteve na nova geração.
Na nova geração, a Jeep promete um avanço considerável no nível de construção e de qualidade de acabamento, mais mais superfícies ao toque macias e visual mais moderno, além do já citado maior espaço interno, um dos calcanhares de aquiles do modelo atual.
Em 2024, a Stellantis anunciou grandes investimentos na América Latina, sendo R$ 13 bilhões só na planta de Goiana (PE) até 2030. Parte disso pode ser direcionado para a chegada da STLA Medium e o novo Compass, que deve receber por aqui a família Bio-Hybrid de eletrificação e, possivelmente, uma variante elétrica ainda que importada.